quinta-feira, 8 de setembro de 2011


Ela levantou-se da cama e dirigiu-se imediatamente para o banheiro, abriu a cortina do duche e despiu-se, deixando a água fria cair sobre seu corpo. Enrolou a toalha sobre seu corpo molhado e atirou-se novamente para cima da cama que nada mais continha se não lençóis revirados. Deitou-se do lado em que ele costumava deitar… O travesseiro ainda continha seu perfume. Fechou seus olhos e respirou profundamente, perdendo-se em seu pensamento. Porque ele havia partido sem ao menos se despedir? Ele se foi e havia deixado apenas uma carta que nada mais continha se não sete palavras. “Me perdoe, eu tive que fazer isto.” Desde então ela ainda não havia saído daquela casa vazia, que guardava apenas lembranças de um amor de verão. Palavras ecoavam em sua mente, inúmeras perguntas sem respostas dominavam sua mente e lhe feriam o coração. Ergueu sua cabeça e secou as lágrimas que começaram a escorrer em sua face, penteou seu longo cabelo e vestiu uma roupa qualquer, tomou um gole do café acabado de fazer e acendeu um cigarro, colocando o maço de volta em seu bolso. Despediu-se daquelas lembranças que tanto insistiam magoar seu coração e fechou-se do lado de fora daquela porta. Crianças brincavam na rua, casais andavam de mãos dadas e os carros passavam com a música no volume máximo. Tudo estava do mesmo jeito que antes, afinal, a única coisa que realmente havia mudado era ela. Tirou os ténis surrados deixou seus dedos sentirem a areia da praia entrar entre eles enquanto as ondas iam e vinham. A água estava fria, gélida. Sentou-se então mais afastada da água. Seu telefone tocou. “Número desconhecido” dizia o ecrã. “Alô?” foi a única coisa que ela disse, o silêncio do outro lado a incomodava, nunca gostou de mistério e a respiração irregular que ouvia assustava-a. “Quem é?”, perguntou. “Lembras de mim?” – foi a resposta que obteve. Ela reconhecia aquela voz rouca. Era a sua voz, era a voz que ela ansiava ouvir todos os dias durante este mês. A única voz capaz de acalma-la e fazer ela voltar a ser a mesma de antes. As palavras não conseguiam saiam de sua boca. Então, a voz rouca continuou…
 “Sabe, eu sinto sua falta. Você sente a minha?
 (silêncio)
― Tudo bem, não precisas responder. Eu pensei em ti em todos esses dias. Teu perfume continua em minha roupa, tua voz não sai da minha cabeça e ainda posso sentir a sabor dos seus lábios. É como se eu nunca tivesse partido, como se estivesse contigo. Mas eu precisava partir. Eu… Eu simplesmente não podia te causar mais dor, mudaste tanto desde que apareci em sua vida. Deixas-te teus amigos de lado, só querias estar comigo e eu não poderia permitir que me transformasses em tua vida, eu não poderia ser o centro do teu universo. Eu tive que te deixar. Me desculpe, por favor, por não ter me despedido, mas se eu tivesse falado contigo não teria sido capaz de vir-me embora, bastava dizeres “fica comigo” e eu ficaria. Sabes disso. Sei que isto não é desculpa, mas eu precisava ouvir sua voz mais uma vez. Eu precisava saber se estás bem, diz-me que estás por favor. Não suporto a ideia de te causar dor. Me perdoas por tudo? Se me deres mais uma chance, poderemos tentar novamente. Eu não posso viver sem você.
―  Eu nunca serei capaz de te perdoar pelo que fizeste. - Eu já te perdoei - Eu te amei, – e ainda amo – eu te dei meu coração e você me devolveu ele todo partido, te dediquei cada dia da minha vida e você simplesmente me virou as costas. Eu não sou capaz, me desculpe. (Então as lágrimas caiam escorriam em seu rosto espontaneamente) Mas eu estou ótima, não se preocupe comigo. Podes continuar a seguir sua vida em frente, não voltes por mim. Eu já te esqueci.” Por mais que lhe doesse dizer essas últimas palavras, ela precisava delas, precisava pronunciá-las para deixa-lo ser feliz. Ela havia decidido nesta manhã que nunca mais iria se intrometer em sua vida, que o deixaria livre.
―  Tudo bem, eu entendo. Só faz-me um último favor: Seque as lágrimas. Nunca se esqueça: Eu te amo. E a propósito… Estás mais linda do que nunca”.
A chamada havia sido terminada e atrás de si um carro capotou. Do lado do passageiro apenas havia um bilhete dizendo “Eu não podia viver sem ela”.

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